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Câncer bucal: O melhor tratamento ainda é o diagnóstico precoce

O câncer de boca é o 4° câncer mais freqüente no sexo masculino e o 7° mais freqüente no sexo feminino. A situação do tratamento do câncer bucal ainda é grave, visto que, a maioria dos casos é diagnosticada tardiamente levando a uma elevação da taxa de mortalidade e morbidade pós-tratamento. Aprenda a fazer o auto exame.


Mundialmente os cânceres da cabeça e pescoço correspondem a 10% dos tumores malignos e aproximadamente 40% dos cânceres dessa localização ocorrem na cavidade oral. O câncer da boca é um dos mais incidentes em homens brasileiros. Os últimos dados nacionais consolidados para pessoas do sexo masculino apontam para taxas de incidência que atingem 15,8 casos por 100.000 habitantes para a cidade de Porto Alegre (1993), seguida por Belém (12,4 por 100.000 em 1989-1991), Goiânia (11,8 por 100.000 em 1995), Campinas (9,9 por 100.000 em 1993) e Fortaleza (7,4 por 100.000 em 1985). Para o sexo feminino, essas taxas foram: 4,1 por 100.000 para Fortaleza, 4,0 por 100.000 para Belém, 3,5 por 100.000 para Goiânia, 2,2 por 100.000 para Campinas e 1,3 por 100.000 para Porto Alegre. Esses números colocam o câncer da boca como o 4° câncer mais freqüente no sexo masculino e o 7° mais freqüente no sexo feminino. Dados de mortalidade por câncer de boca no Brasil revelam que, entre 1979 e 1998 essas taxas variaram entre 2,16 e 2,96 para cada 100.000 homens e entre 0,48 e 0,70 para 100.000 mulheres. Em relação à taxa de sobrevida um estudo de casos de câncer da boca tratados no Hospital Erasto Gaertner - Curitiba, no período de 1990 a 1992, mostrou que a sobrevida em 5 anos, independente do estadiamento clínico, foi de 50,1%.


Vários estudos apoiam o conceito de que o desenvolvimento de vários tipos de câncer, nos seres humanos, está associado à exposição a fatores cancerígenos, principalmente os ambientais. Os agentes físicos, químicos e biológicos lesam o ácido desoxirribonucleico nuclear (DNA), produzindo mutações, fraturas cromossômicas e outras alterações do material genético. No entanto, a herança genética, ainda compõe um papel importante na formação do câncer.





Fatores de risco


Quando certas pessoas possuem maiores possibilidades de adquirir uma doença diz-se que constituem um grupo de risco. Essas pessoas têm em comum certas características denominadas fatores de risco. Vale dizer, elas apresentam condições favoráveis ao desenvolvimento da doença, mas não obrigatoriamente a desenvolverão; apenas têm maiores probabilidades de desenvolvê-la quando comparadas com a população em geral, que não apresenta esses fatores.


Como em outras neoplasias malignas, o câncer da boca tem o seu desenvolvimento estimulado pela interação de fatores ambientais e fatores do hospedeiro, próprios do indivíduo. Ambos são variados e os seus papéis na gênese do câncer da boca não estão completamente esclarecidos, apesar da influência de fatores do hospedeiro, como herança genética, sexo e idade, e de fatores externos, entre eles a agressão por agentes físicos, biológicos e químicos, já estar suficientemente documentada. A conjugação dos fatores do hospedeiro com os fatores externos, associados ao tempo de exposição a estes, é condição básica também na gênese dos tumores malignos que acometem a boca.


Os principais fatores de risco associados ao câncer bucal são:


• idade superior a 40 anos

• sexo masculino

• tabagistas crônicos

• etilistas crônicos

• má higiene bucal

• desnutridos e imunodeprimidos

• portadores de próteses mal ajustadas ou que sofram de outra irritação crônica da mucosa bucal

• dieta pobre em proteínas, vitaminas e minerais

• dieta rica em gorduras e álcool


Lesões precursoras


Suspeitar do câncer da boca entanto, é considerar a possibilidade de uma lesão ser maligna, a despeito da sua aparência inofensiva, especialmente porque não existem sintomas específicos de câncer, em suas fases iniciais. Várias lesões benignas e de tratamento conservador são cancerizáveis se não tratadas. Por isso, devemos ficar atentos a quaisquer alterações nas mucosas orais e peri-orais e procurar um dentista assim que notada algo de estranho.

Como fazer o autoexame


Uma estratégia auxiliar para o diagnóstico do câncer da boca em fase inicial é o autoexame da boca. Ele pode ser ensinado nas atividades de educação comunitária, em uma linguagem fácil e acessível à população, como sugerimos abaixo. O autoexame da boca é um método simples, bastando para a sua realização um ambiente bem iluminado e um espelho. A finalidade deste exame é identificar anormalidades existentes na mucosa bucal, que alertem o indivíduo e o façam procurar um dentista.


TÉCNICA


1. Lave bem a boca e remova as próteses dentárias, se for o caso.


2. De frente para o espelho, observe a pele do rosto e do pescoço. Veja se encontra algum sinal que não tenha notado antes. Toque suavemente, com a ponta dos dedos, todo o rosto.


3. Puxe com os dedos o lábio inferior para baixo, expondo a sua parte interna (mucosa). Em seguida, palpe todo o lábio. Puxe o lábio superior para cima e repita a palpação.


4. Com a ponta de um dedo indicador, afaste a bochecha para examinar a parte interna da mesma. Faça isso nos dois lados.


5. Com a ponta de um dedo indicador, percorra toda a gengiva superior e inferior.


6. Introduza o dedo indicador por baixo da língua e o polegar da mesma mão por baixo do queixo e procure palpar todo o soalho da boca.


7. Incline a cabeça para trás, e abrindo a boca o máximo possível examine atentamente o céu da boca. Palpe com um dedo indicador todo o céu da boca, em seguida diga ÁÁÁÁ... e observe o fundo da garganta.


8. Ponha a língua para fora e observe a sua parte de cima. Repita a observação com a língua levantada até o céu da boca. Em seguida, puxando a língua para a esquerda, observe o lado direito da mesma. Repita o procedimento para o lado esquerdo, puxando a língua para a direita.


9. Estique a língua para fora, segurando-a com um pedaço de gaze ou pano, e palpe em toda a sua extensão com os dedos indicador e polegar da outra mão.


10. Examine o pescoço. Compare os lados direito e esquerdo e veja se há diferença entre eles. Depois, palpe o lado esquerdo do pescoço com a mão direita. Repita o procedimento para o lado direito, palpandoo com a mão esquerda. Veja se existem caroços ou áreas endurecidas.


11. Finalmente, introduza um dos polegares por debaixo do queixo e palpe suavemente todo o seu contorno inferior.


O QUE PROCURAR


• Mudanças na aparência dos lábios e parte interna da boca

• Endurecimentos

• Caroços

• Feridas

• Sangramento

• Inchações

• Áreas dormentes

• Dentes amolecidos ou quebrados


O paciente deve ser estimulado a fazer o autoexame regularmente e a procurar um dentista ou um médico para a realização do exame clínico da boca, semestralmente ou anualmente.


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